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Descolamento de retina: entenda os sintomas, causas e quando procurar ajuda com urgência

Descolamento de retina entenda os sintomas, causas e quando procurar ajuda com urgência cob oftalmologia

Tabela de conteúdo

O descolamento de retina pode levar à perda da visão se não for tratado a tempo. Descubra os sintomas, causas e como agir rapidamente.

Imagine perceber, de repente, uma “cortina escura” invadindo sua visão ou flashes de luz sem explicação aparente. Esses sinais podem indicar uma condição oftalmológica grave e que exige atenção imediata: o descolamento de retina.

A retina é uma estrutura fundamental do olho, responsável por captar a luz e enviar imagens ao cérebro. Quando ela se desprende da parede interna do globo ocular, ocorre o descolamento — uma situação emergencial que pode levar à cegueira permanente se não for tratada com urgência.

Embora o descolamento de retina seja mais comum em pessoas com miopia alta, histórico familiar, após traumas oculares ou cirurgias intraoculares, ele pode surgir de forma inesperada e silenciosa. Por isso, entender os sintomas iniciais e saber quando procurar um oftalmologista é essencial para preservar a visão.

Neste artigo, você vai descobrir:

  • O que é o descolamento de retina e por que ele acontece
  • Quais são os sintomas mais comuns e como identificá-los precocemente
  • Fatores de risco e causas mais frequentes
  • Opções de tratamento e o que esperar após o diagnóstico
  • Dúvidas frequentes respondidas por especialistas

O que é o descolamento de retina e como ele acontece?

O descolamento de retina é uma condição oftalmológica grave caracterizada pela separação entre a retina neurossensorial e o epitélio pigmentar, a camada responsável por nutrir as células retinianas. Quando essa separação ocorre, a retina deixa de receber oxigênio e nutrientes essenciais, o que pode comprometer sua função de forma irreversível.

Tipos de descolamento de retina

Existem três tipos principais de descolamento de retina, e entender suas diferenças é importante para o diagnóstico e tratamento corretos:

  1. Descolamento regmatogênico

É o tipo mais comum e ocorre quando há um rasgo ou ruptura na retina, permitindo que o humor vítreo (gel que preenche o interior do olho) se infiltre por baixo da retina e a descole. Costuma estar relacionado à degeneração vítrea, miopia alta ou traumas oculares.

  1. Descolamento tracional

Ocorre quando tecidos cicatriciais ou tração anormal puxam a retina para fora de sua posição. É mais comum em pessoas com retinopatia diabética proliferativa ou outras doenças que causam crescimento de vasos anormais.

  1. Descolamento exsudativo (ou seroso)

Nesse caso, não há ruptura na retina. O descolamento ocorre por acúmulo de fluido sob a retina, geralmente por causa de inflamações, tumores ou doenças vasculares.

Como o descolamento acontece?

Em muitos casos, o processo tem início com alterações no vítreo, especialmente após os 40 anos, quando ele começa a se liquefazer e se afastar da retina (descolamento do vítreo posterior). Se esse afastamento for brusco ou se houver áreas frágeis na retina, podem ocorrer rasgos que levam ao descolamento.

Em outras situações, como em doenças inflamatórias ou vasculares, o fluido se acumula de forma silenciosa, sem ruptura, levando ao descolamento exsudativo.

Sintomas do descolamento de retina: como identificar os sinais de alerta

O descolamento de retina geralmente não causa dor, o que pode levar o paciente a subestimar os sintomas iniciais. Por isso, é fundamental conhecer os sinais de alerta e buscar atendimento oftalmológico imediato ao menor sinal de alteração visual.

Principais sintomas:

  • Flashes de luz (fotopsias): Sensações de clarões, especialmente ao mover os olhos ou em ambientes escuros.
  • Moscas volantes (miodesopsias): Manchas, pontos ou “fiapos” que se movimentam com o olhar e parecem flutuar no campo de visão.
  • Sombra ou “cortina” na visão: Sensação de que uma sombra escura está descendo de cima, de baixo ou dos lados, como uma cortina obscurecendo parte do campo visual.
  • Visão embaçada ou distorcida: Redução súbita da nitidez visual, geralmente em um dos olhos.
  • Perda de visão periférica: Em alguns casos, o campo de visão começa a “fechar”, restringindo a visão lateral.

A importância da atenção aos sinais precoces

Os sintomas podem surgir de forma gradual ou repentina, e variam de acordo com a extensão e a localização do descolamento. Quanto mais próxima da mácula (área central da retina responsável pela visão de detalhes), maior o impacto na acuidade visual.

A boa notícia é que, quando diagnosticado precocemente, o descolamento de retina pode ser tratado com sucesso — e, em muitos casos, a visão pode ser recuperada parcialmente ou até totalmente, dependendo da gravidade.

Ao perceber qualquer um desses sinais, procure imediatamente um oftalmologista. Quanto mais rápido for o atendimento, maiores as chances de preservar a visão.

Causas e fatores de risco para o descolamento de retina

O descolamento de retina pode afetar qualquer pessoa, mas alguns fatores aumentam significativamente o risco de desenvolver a condição. Conhecer essas causas e grupos de risco é fundamental para a prevenção e o acompanhamento adequado.

Principais causas do descolamento de retina

  • Degeneração vítrea relacionada à idade: Com o envelhecimento, o vítreo (gel que preenche o interior do olho) começa a se liquefazer e a se separar da retina. Em alguns casos, esse processo pode provocar tração e rasgos na retina, levando ao descolamento.
  • Miopia alta (grau elevado): Pessoas com miopia moderada a alta apresentam maior alongamento do globo ocular, o que deixa a retina mais fina e suscetível a rupturas.
  • Traumas oculares: Pancadas fortes ou acidentes envolvendo os olhos podem causar lesões que levam ao descolamento imediato ou tardio da retina.
  • Cirurgias oculares prévias: Intervenções como cirurgia de catarata ou vitrectomia aumentam o risco, especialmente em pacientes com predisposição anatômica.
  • Doenças oculares e sistêmicas, tais como: Retinopatia diabética proliferativa; Uveítes (inflamações intraoculares); Tumores intraoculares; Síndromes genéticas raras.

Fatores de risco adicionais:

  • Histórico familiar de descolamento de retina
  • Idade acima de 50 anos
  • Cirurgia ocular recente, especialmente de catarata
  • Lesões prévias na retina, como degenerações periféricas
  • Esforços físicos extremos, especialmente com impacto ocular

O papel da hereditariedade

Embora o descolamento de retina em si não seja diretamente hereditário na maioria dos casos, algumas condições que aumentam o risco — como a miopia e certas doenças hereditárias da retina — podem sim ter origem genética. Por isso, quem tem histórico familiar deve manter um acompanhamento oftalmológico preventivo mais rigoroso.

Como é feito o diagnóstico do descolamento de retina?

O diagnóstico do descolamento de retina é clínico e depende de uma avaliação oftalmológica cuidadosa e detalhada. Quanto mais cedo ele for detectado, maiores são as chances de preservar a visão e evitar sequelas permanentes.

Exame oftalmológico completo

Ao notar os sintomas suspeitos, o paciente deve ser avaliado com urgência. O oftalmologista realizará um exame de fundo de olho (mapeamento de retina), normalmente com o uso de colírios para dilatar a pupila. Esse exame permite visualizar a retina e identificar:

  • Rasgos ou rupturas retinianas
  • Áreas de descolamento parcial ou total
  • Presença de tração vítrea
  • Sinais de hemorragias ou inflamações associadas

Exames complementares

Em alguns casos, exames de imagem ajudam a confirmar o diagnóstico ou avaliar a extensão do descolamento:

  • Ultrassonografia ocular (modo B):

Útil quando a opacidade dos meios (como catarata densa ou hemorragia vítrea) impede a visualização direta da retina.

  • Tomografia de coerência óptica (OCT):

Permite avaliar com alta precisão a estrutura das camadas da retina, especialmente útil em casos de descolamentos limitados à mácula.

  • Angiofluoresceinografia:

Exame de contraste que avalia a circulação dos vasos da retina e da coroide. É especialmente útil nos casos de descolamento exsudativo, ajudando a identificar áreas de vazamento vascular ou inflamação que provocam o acúmulo de fluido sob a retina.

* Observação:

autofluorescência e angiofluoresceinografia (ou angiografia fluoresceínica) são exames distintos, embora ambos utilizem tecnologia baseada em fluorescência para avaliar a retina.

Vamos à diferença:

  1. Autofluorescência (AF)

  • Sem contraste: Não há injeção de substâncias no paciente.
  • Avalia o epitélio pigmentar da retina (EPR) e o acúmulo de lipofuscina.
  • Útil para doenças degenerativas, inflamatórias ou hereditárias da retina.
  • Indica áreas de atividade metabólica anormal na retina.
  1. Angiofluoresceinografia (ou angiografia fluoresceínica)

  • Com contraste: Injeta-se fluoresceína sódica por via venosa.
  • Avalia a circulação dos vasos da retina e da coroide.
  • Indica vazamentos, isquemias, neovascularização e hemorragias.
  • Essencial em casos de: Retinopatia diabética; Oclusões vasculares; Degeneração macular úmida; Descolamentos exsudativos ou inflamatórios.

No contexto do descolamento de retina:

  • Em casos regmatogênicos, geralmente não se usa angiofluoresceinografia — o diagnóstico é clínico e feito com mapeamento de retina.
  • Já em descolamentos exsudativos, a angiofluoresceinografia (e, às vezes, a angiografia com indocianina verde) pode ser importante para identificar a origem do vazamento.
  • A autofluorescência pode complementar, mas não substitui a angiofluoresceinografia nesses casos.

Quando o diagnóstico deve ser considerado uma emergência?

Sempre que houver suspeita de descolamento de retina, o paciente deve ser avaliado com prioridade máxima. A progressão pode ser rápida, e a chance de recuperar a visão diminui a cada hora sem tratamento.

Tratamento para descolamento de retina: opções e resultados esperados

O tratamento do descolamento de retina é cirúrgico e urgente. O objetivo principal é recolocar a retina em sua posição original, selar qualquer rasgo e prevenir novos descolamentos. A escolha do método depende do tipo, localização e gravidade do descolamento, bem como das condições clínicas do paciente.

Principais tipos de tratamento

  1. Retinopexia pneumática

  • Procedimento menos invasivo, realizado no consultório ou centro cirúrgico.
  • Um pequeno bolha de gás é injetado dentro do olho para pressionar a retina contra a parede ocular.
  • Geralmente indicado para descolamentos pequenos e localizados.
  • Pode ser associado à criopexia (congelamento) ou fotocoagulação a laser para selar o rasgo.
  1. Introflexão escleral (cerclagem)

  • Técnica tradicional em que uma faixa de silicone é suturada ao redor do globo ocular.
  • Serve para empurrar a parede do olho contra a retina e fechar os rasgos.
  • Ainda é bastante utilizada, especialmente em pacientes jovens ou com descolamentos complexos.
  1. Vitrectomia posterior

  • Cirurgia mais avançada e amplamente utilizada atualmente.
  • Consiste na remoção do vítreo (gel intraocular), responsável por tracionar a retina.
  • Após a remoção, injeta-se gás expansível ou óleo de silicone para manter a retina no lugar durante a cicatrização.
  • Indicada para casos mais graves, com hemorragia vítrea, descolamento extenso ou tração associada.

E depois da cirurgia?

O pós-operatório exige cuidados específicos e acompanhamento rigoroso:

  • Manter a posição da cabeça conforme orientação médica, para que o gás ou óleo atue corretamente.
  • Uso de colírios anti-inflamatórios e antibióticos.
  • Restrição de atividades físicas e viagens de avião (em caso de gás intraocular).
  • Avaliações regulares para monitorar a cicatrização da retina e a pressão intraocular.

O que esperar em termos de visão?

A recuperação da visão depende de vários fatores:

  • Tempo entre o descolamento e o tratamento
  • Se a mácula (área central da retina) foi afetada
  • Gravidade e extensão do descolamento
  • Presença de complicações associadas

Quando o descolamento é tratado precocemente, as chances de boa recuperação visual são significativamente maiores. Já em casos mais avançados, o objetivo pode ser preservar o máximo de visão possível e evitar a cegueira.

Prevenção: é possível evitar o descolamento de retina?

Embora nem todos os casos de descolamento de retina possam ser evitados, é possível sim reduzir os riscos e identificar precocemente alterações que podem levar ao problema. A prevenção passa, principalmente, por um bom acompanhamento oftalmológico — especialmente em pessoas com fatores de risco.

Dicas essenciais para prevenir o descolamento de retina:

  • Realize consultas oftalmológicas regulares

Pessoas com miopia alta, histórico familiar ou doenças oculares devem realizar o mapeamento de retina periodicamente, mesmo sem sintomas.

  • Fique atento aos sinais de alerta

Flashes de luz, aumento repentino de moscas volantes ou sombras na visão são sinais que devem ser investigados imediatamente.

  • Evite traumas oculares

Use óculos de proteção em esportes de contato ou atividades de risco. Lesões oculares são causas comuns de descolamento em pacientes jovens.

  • Acompanhamento após cirurgias oculares

Após procedimentos como cirurgia de catarata ou vitrectomia, siga rigorosamente as recomendações do seu oftalmologista.

  • Controle doenças sistêmicas

Doenças como o diabetes mal controlado podem causar complicações retinianas que favorecem o descolamento. O controle glicêmico é essencial.

Monitoramento em pacientes de risco

Em pacientes com alterações retinianas periféricas, como degenerações em ferradura, buracos ou rasgos, o oftalmologista pode indicar tratamento preventivo com laser fotocoagulador, mesmo antes de um descolamento se instalar.

Em resumo, a prevenção passa pelo diagnóstico precoce e pela vigilância contínua da saúde ocular — sobretudo em quem tem predisposição.

Conclusão: cuide da sua retina — sua visão depende disso!

O descolamento de retina é uma condição oftalmológica grave, mas que pode ser tratada com sucesso quando diagnosticada a tempo. Conhecer os sintomas de alerta, manter um acompanhamento oftalmológico regular e agir rapidamente em caso de suspeita são atitudes que fazem toda a diferença na preservação da visão.

Se você tem miopia alta, já passou por cirurgias oculares ou tem histórico familiar de doenças retinianas, redobre a atenção. Não espere os sintomas se agravarem para buscar ajuda. Lembre-se: a visão é um dos nossos sentidos mais preciosos, e muitas vezes só valorizamos quando a perdemos.

 

Perguntas mais frequentes

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