Cegueira Noturna: O Que É e Como Tratar

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A cegueira noturna, ou nictalopia, é a dificuldade de enxergar em ambientes com pouca luz, resultante de um distúrbio nos bastonetes da retina. Essas células fotorreceptoras são responsáveis por captar a luminosidade em condições de baixa luz, permitindo a visão noturna. Embora seja um sintoma e não uma doença isolada, a nictalopia pode indicar a presença de condições oftalmológicas ou sistêmicas subjacentes.

A Retina e os Bastonetes

A retina é a camada sensível à luz localizada no fundo do olho. Ela contém dois tipos principais de células fotorreceptoras:

  • Bastonetes: Sensíveis à luz fraca, são fundamentais para a visão noturna e periférica.
  • Cones: Atuam em ambientes bem iluminados e são responsáveis pela visão detalhada e percepção de cores.

Na cegueira noturna, portanto,  ocorre comprometimento dos bastonetes, resultando em dificuldades em ambientes com baixa iluminação.

Principais causas da cegueira noturna

  1. Catarata
  • Afeta mais de 45% dos idosos acima de 60 anos no Brasil, sendo uma das causas mais comuns de cegueira noturna.
  • A opacificação progressiva do cristalino bloqueia a passagem de luz para a retina, especialmente em locais escuro. 

 A cirurgia de catarata tem sucesso em 95% dos casos, restaurando significativamente a qualidade visual.

  1. Miopia
  • Aproximadamente 25% da população mundial é míope, e espera-se que esse número chegue a 50% até 2050 devido ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos e outros fatores ambientais.
  •  A baixa sensibilidade à luz nos olhos míopes pode intensificar a nictalopia.
  • Tratamentos como lentes de contato rígidas ou cirurgia refrativa são opções eficazes em muitos casos.
  1. Hipovitaminose A
  •  A deficiência de Vitamina A é uma causa evitável de cegueira noturna, especialmente em países em desenvolvimento.
  • De acordo com a OMS, cerca de 250.000 a 500.000 crianças ficam cegas todos os anos devido à deficiência de Vitamina A.

 Função da Vitamina A:

  • Essencial para a produção de rodopsina, pigmento dos bastonetes que permite a visão noturna.
  • Mantém a saúde da córnea e previne a xeroftalmia, uma condição grave de ressecamento ocular.
  • Fontes de Vitamina A: Cenoura, batata-doce, fígado, espinafre, gema de ovo e laticínios.
  1. Retinose Pigmentar

A retinose pigmentar é uma doença genética que afeta 1 a cada 4.000 pessoas no mundo.

Na fase inicial, a cegueira noturna é o principal sintoma, mas a doença evolui para:

  • Perda progressiva da visão periférica (visão tubular);
  • Diminuição da visão central;
  • Comprometimento da percepção de cores.

cegueira noturna comprometimento da percepcao de cores

Pesquisas recentes:

  • Estudos sobre terapia gênica têm mostrado potencial para retardar a progressão da doença.
  • Implantes de chips de retina, como próteses eletrônicas (ex.: Argus II), estão em fase avançada de desenvolvimento, oferecendo esperança para recuperação parcial da visão.

Diagnóstico e Exames Complementares

Para investigar a causa da cegueira noturna, o oftalmologista pode solicitar exames como:

  1. Exame de fundo de olho: Para avaliar a retina e identificar sinais de catarata ou retinose pigmentar.
  2. Teste de acuidade visual: Para detectar erros refrativos como a miopia.
  3. Eletroretinograma (ERG): Avalia a função dos bastonetes e cones, sendo essencial em casos de suspeita de retinose pigmentar.
  4. Teste de campo visual: Para identificar perda de visão periférica.

Tratamento e Manejo

O tratamento da cegueira noturna depende de sua causa específica:

  • Catarata: Cirurgia de substituição do cristalino.
  • Miopia: Correção com óculos, lentes de contato ou cirurgia refrativa.
  • Hipovitaminose A: Suplementação de Vitamina A e reeducação alimentar.
  • Retinose Pigmentar: Não existe cura, mas a reabilitação visual, uso de dispositivos auxiliares e terapias em pesquisa podem oferecer qualidade de vida.

Prevenção

  • Consultas oftalmológicas regulares para diagnóstico precoce de doenças oculares.
  • Dieta rica em Vitamina A e antioxidantes para manter a saúde ocular.
  • Uso de óculos adequados para correção de erros refrativos.
  • Acompanhamento genético em casos de doenças hereditárias.

Curiosidade

A cegueira noturna já era conhecida na antiguidade. Hipócrates recomendava fígado (rico em Vitamina A) para tratar soldados que não conseguiam enxergar à noite. Hoje, esse conceito é cientificamente comprovado, evidenciando a importância da nutrição para a saúde ocular.

Conclusão

A cegueira noturna é um sintoma que pode ter diversas causas, desde deficiências nutricionais até doenças genéticas. O diagnóstico precoce e o acompanhamento oftalmológico são fundamentais para identificar a causa subjacente e adotar o tratamento adequado, preservando a visão e a qualidade de vida dos pacientes.

 

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